Desde que eu era criança eu sempre sonhei em me formar em Educação Física. Minha paixão pelo esporte não me deixava sequer desejar uma Barbie ou um estojo de maquiagem. Eu me divertia mesmo era jogando uma queimada, um futebol, um handebol, ou quando uma das minhas amigas trazia um Pogobol, lembram? Mais do que isso, meu sonho de consumo mesmo era ter no quintal da minha casa uma daquelas Bolhas de Ar que havia naqueles parquinhos que se instalavam no bairro, que raramente se vê hoje em dia, e uma daquelas camas de elástico que só se via nos quintais das casas de filmes americanos.

Mas um dia, como pessoas normais que somos, temos que crescer e deixar para trás ou, pelo menos, em nossa lembrança, a fase mais incrível de nossas vidas, nossa infância.
Pogobol, Barbie, agora estão dentro de um baú cheio de pó, sendo relembrados apenas através de emails “Eu sou do tempo em que...”, “Geração perdida” e através das baladas "Trash" que bombam nas noites brasileiras.
Agora, é hora de decidir pra valer “O que você quer ser”, onde quer estudar e como. Para aquele que pode pagar qualquer faculdade e não precisa trabalhar, essa decisão se torna mais fácil, o contrário acontece para aquele que tem que trabalhar e investir numa faculdade que compromete quase todo o salário.
Porém, em um mundo globalizado, onde a concorrência é grande e a oferta nem tanto, costuma-se dizer que “Vence o melhor”. O mais qualificado sempre tem mais oportunidade. Sem falar nos cursos profissionalizantes, certificações, aperfeiçoamento que ajudam qualquer um a se destacar facilmente dentre os outros.
Desde quando comecei a trabalhar, aos 13 anos, minha vida profissional tendia muito a crescer, foi então que resolvi pensar na possibilidade de entrar para uma faculdade. Iniciei fazendo alguns cursos na área fiscal, financeira e mais tarde, na área de informática. Cheguei a iniciar e parar duas faculdades. A primeira vez foi porque eu não estava conseguindo pagar, já que no meu orçamento havia outros gastos como alimentação, aluguel, conta de luz e água, etc. A segunda, foi por falta de aptidão para o curso. Por fim, acabei me formando em Administração de Empresas com ênfase em Finanças, o que soa para muitos como um curso genérico (o que eu não deixo de concordar em partes).
O sonho da Educação Física ficou de lado quando eu me vi envolvida pelas funções administrativas e financeiras que eu vinha exercendo há anos. Na realidade, escolher outro curso significaria recomeçar do zero, apagar toda a minha experiência de mais de 10 anos e partir para um novo caminho. Isso não seria um grande problema se uma das conseqüências disso não fosse uma menor remuneração.
Alguns anos depois de formada, recebi uma proposta para mudar para a área de Informática, ou melhor, Tecnologia da Informação. Decidi aceitar e não me arrependi. Mudar de área, ainda mais se tratando de uma muito diferente da outra, foi um grande divisor de águas na minha carreira. Provei para mim mesma que “mudar” e “arriscar” são atitudes que temos que ter sempre que algo em nossas vidas parece sem graça ou sem motivação, inclusive a nossa vida profissional.
Nem sempre a escolha de um curso pode ser definitiva. Se a área em que você se formou e atua não está te satisfazendo profissionalmente, tente enxergar e aproveitar as oportunidades que surgem como conseqüência da sua boa conduta, responsabilidade, habilidade e dinamismo.
Viviane Brizzi