segunda-feira, 5 de julho de 2010

Um sonho ou um objetivo?

Alguns anos atrás, quando entediada com a rotina do meu trabalho e do dia-a-dia, eu costumava pensar nas coisas que eu gostaria de alcançar, ou seja, meus sonhos. Porém, quando eu me utilizava da palavra “sonho” para me referir ao que eu desejava, automaticamente, me vinha à mente certa incapacidade de realização. Era como se as coisas ficassem mais distantes ou quase impossíveis de serem alcançadas. Foi por isso que decidi distinguir a palavra “sonho” da palavra “objetivo”.

O sonho se diferencia do objetivo quando acordamos, quando vemos as reais possibilidades das coisas acontecerem pela nossa fé, capacidade, esforço e vontade de correr atrás, o que não é a mesma coisa de quando contamos para as pessoas aqueles nossos sonhos que fogem à realidade.

Um dos meus “sonhos” era viajar para fora do Brasil para aprender a língua inglesa e ter uma experiência de vida diferente, a qual, um dia, eu contaria para os meus filhos e netos. Analisando as possibilidades disto acontecer, vi que não se tratava de um sonho, e sim de um objetivo que, bem planejado, poderia certamente ser alcançado.

No final de 2006, recém-formada em Administração de Empresas, eu estava decidida a viajar até o meio do ano seguinte. Os países mais cotados eram: Canadá, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia. O primeiro passo foi pesquisar na internet sobre agências de intercâmbio, países, escolas de línguas, vistos, etc. Então, iniciei minha peregrinação pelas agências de intercâmbio que sempre te prometem a maior experiência da sua vida no exterior. Lembro-me que cheguei a ir a mais de cinco agências e nenhuma delas me dava muita esperança de conseguir facilmente um visto devido ao meu perfil – 27 anos, divorciada, sem filhos, recém-formada, independente financeiramente, porém, assalariada e sem dinheiro poupado (Lê-se: Menina com idade avançada para fazer um intercâmbio, sem muitos vínculos familiares, sem vínculos estudantis, sem estabilidade profissional, sem recursos suficientes para se manter em outro país e indício de intenções de permanecer no outro país, ou seja, certeza de visto negado.

Apesar de nunca entender o porquê das coisas parecerem ser sempre mais difíceis para mim, eu não desanimei, continuei pesquisando e verificando outras agências. Até que eu fui a uma pequena agência que analisou o meu perfil e disse que o melhor país para eu me aventurar seria a República da Irlanda. Vantagens: não é necessário o pré-visto; pode-se trabalhar legalmente até 20 horas semanais com o visto de estudante; passagens baratas para viajar pela Europa; valor do intercâmbio acessível; entre outras.

Não pensei duas vezes. A partir daquele momento eu explorei ao máximo todas as informações sobre a terra da banda U2, a “grande fazenda”, como muitos chamam aquele país.

Sem muitas opções, me decidi por Dublin, capital da República da Irlanda. Agora, era calcular o custo total da viagem incluindo as passagens, o curso de inglês, o valor de 1.000 Euros que era necessário para entrar no país e os custos de hospedagem e alimentação que eu teria no meu primeiro mês morando lá. O próximo passo seria conseguir todo esse dinheiro. Uma pequena parte eu tinha guardado e a maior parte teria que vir da minha rescisão, ou melhor, do acordo que eu teria que tentar fazer com a empresa. Se isso não acontecesse eu não teria condições de viajar. Mas para a minha surpresa a empresa aceitou fazer o acordo desde que eu devolvesse a multa 40%, mas fazendo isso, o dinheiro não seria suficiente para pagar todo o custo da viagem.

Como tudo tem que ter um “plano B”, eu optei por comprar um curso de inglês mais barato, direto na Irlanda (não através das agências no Brasil), e pagar somente os primeiros sete dias de hospedagem em um Albergue, num quarto para dezesseis pessoas, sem direito a refeições. Isso significaria que depois desses sete dias eu teria que me virar para arrumar um lugar para ficar. Além disso, um amigo, que acreditava muito em mim, me ofereceu um dos trechos, Frankfurt – Dublin, pago com milhas que ele havia adquirido através das suas viagens pela empresa.

Ótimo, tudo calculado e planejado, agora era encarar com coragem o início da conquista de um objetivo: Morar e estudar inglês fora do país.

Para muitos, tudo isso era uma grande loucura, ainda mais considerando que eu não falava inglês, que o dinheiro estava contado e que eu não conhecia ninguém naquele país, só o U2, claro :-). Mas essa era a minha chance, não havia alternativa. O medo e a insegurança sempre foram sentimentos presentes em mim e, a todo o momento eu precisava vencê-los. Loucura ou não, lá estava indo eu para a minha grande aventura.

Minha viagem até lá foi marcada por vários episódios muito difíceis e constrangedores, dentre eles: atrasos nos vôos; problemas de comunicação; más instalações no avião; e outros, que hoje, viraram causos bem engraçados das minhas histórias.

Desde o momento em que pisei naquela terra, agradeci muiito a Deus por estar lá e poder viver todas as providências de Deus. Uma coisa é você ter um monte de dinheiro e fazer com que esse dinheiro rende, aplicando ou investindo. Outra coisa é você ter uma quantia exata para determinadas coisas e dela você conseguir fazer várias outras coisas, sem que se acabe. Isso para mim foi como se fosse a multiplicação dos pães e dos peixes na Bíblia (Mateus 14:13-21). Além de eu conseguir me manter por mais de um mês até arrumar um emprego, eu também conheci pessoas que me me ajudaram muito. Cheguei a passar em uma entrevista para um trabalho em um dos maiores Festivais da Europa, sem falar quase nada em inglês.
Foi um ano e sete meses de muitas aventuras. Um país lindo que me recebeu muito bem e onde vivi as maiores experiências da minha vida. Além da Irlanda, pude conhecer países como: Inglaterra, Espanha, Portugal, Bélgica, Holanda, Israel e o Egito.





 Inesquecível Irlanda

Fui a vários festivais e eventos como o Rock in Rio em Lisboa

Assisti a musicais como “O Fantasma da Ópera” em Londres


Assisti ao jogo do Brasil x Irlanda


Vi a neve pela primeira vez


Mergulhei no Mar Vermelho e vi as maravilhosas pirâmides de Giza, no Egito

Boiei no Mar Morto e visitei lugares bíblicos como o Monte das Oliveiras, Muro das Lamentações, Via Dolorosa e o sagrado suposto Túmulo de JESUS,
na terra santa de Israel

Conheci as mais belas praias e as impressionantes Cavernas de Drach
em Palma de Maiorca, na Espanha

Vivi seis meses com uma família Irlandesa cuidando de duas crianças
lindas e conhecendo mais da cultura irlandesa


Foram muitas histórias e todas estão muito bem guardadas para serem recordadas para sempre.

Sonho? Não. Foi um OBJETIVO muito bem alcançado.

Qual será o próximo?

Viviane Brizzi