quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Equilíbrio

Equilíbrio - Significado

1 posição estável de um corpo
Ex: perder o equilíbrio e cair
2 igualdade quantitativa
Ex: o equilíbrio entre as receitas e as despesas
3 estabilidade mental
Ex: equilíbrio mental
4 harmonia
Ex: o equilíbrio das formas de uma estátua


Bom, depois de um longo tempo, estou de volta aqui no meu Blog.


Obrigado a todos que têm lido. Sei que muitos gostam, mas outros acham que, contando as minhas experiências de vida, estou me expondo demais. Eu não me considero uma pessoa muito discreta e às vezes acho até que falo demais, que sou “um livro de páginas abertas” como dizem. Mas, se dividir experiências que causam sentimentos bons nas pessoas, porque não o fazer? Então, VIVA a minha exposição! rs


Nesta postagem, vou contar mais um capítulo da minha vida, capítulo este que me marcou demais, pra sempre. Prepara-se porque a leitura vai ser longa.


No meu último relato, contei sobre a minha aventura de como foi a minha vida a bordo de um navio de cruzeiros durante seis meses. E foi lá onde essa próxima história começou..


No dia 22/12/09, o navio que eu estava a bordo, iria parar no porto do Rio de Janeiro, que era uns dos destinos do cruzeiro que estávamos fazendo. Uma das condições do navio para quem quisesse desistir do trabalho e desembarcar era que a companhia não pagaria a passagem de volta do individuo, portanto, se eu quisesse desembarcar antes do término do meu contrato eu teria que pagar a minha passagem de volta pra casa do porto em que eu desembarcasse.

Dias antes de chegarmos ao Rio, pedi ao meu encarregado que comunicasse o Maitre que eu queria pedir “sign off”, ou seja, cairia fora do navio no dia 22/12, no Rio, já que de lá eu não gastaria muito com a passagem de volta a São Paulo (home sweet home).


Pra minha surpresa, o próprio Maitre veio falar comigo pra saber o motivo do meu pedido. Expliquei que eu não havia me adaptado ao ambiente, que ficava mareada demais, etc....Naqueles dias, eu ainda estava trabalhando no restaurante dos tripulantes e já não agüentava mais aquele ambiente. Foi ai que o Maitre me pediu pra ficar e a partir daquele dia me transferiu para o Buffet da área de passageiros. Então, decidi desistir de desembarcar – essa decisão mudou toda a minha vida.


Quase um mês antes do término do meu contrato, um filipino – ganhador do concurso Star Prince 2009, como o homem mais bonito do navio – que há meses vinha tentando se aproximar de mim, finalmente conseguiu (rs). O cara era bonitão sim, mas eu não queria me envolver nos últimos minutos do segundo tempo, porém, minha carência falou mais alto e caí na lábia do galã. Ficamos o meu último mês juntos, “namorandinho”.


Finalmente a última semana chegou. Apesar dos dias anteriores terem sido muito tensos devido ao terremoto que atingiu o Chile, as festas de despedidas não paravam, até porque muitos desembarcariam no dia 13/03/2010.


O último dia chegou e não fui trabalhar (como eu disse no meu post anterior). E apesar de toda a confusão eu estava aliviada de estar indo pra casa.


A chegada ao Brasil foi tranqüila. O reencontro com a família e amigos é sempre emocionante. O cansaço de seis meses de trabalho sem parar, estava estampado no meu rosto. Mas foi grande a alegria de chegar a minha casa...ops...minha casa??? Eu não tinha casa, bom, a casa da minha mãe.


Família e amigos no aeroporto

Depois de tanto trabalho era justo eu tirar uns dias de folga pra descansar e relaxar um pouco. Aproveitei pra curtir a família, visitar amigos e sair para dançar de vez em quando.

Quase um mês depois que desembarquei, ainda tentando parar de ter pesadelos com o mar, um amigo me convidou pra ir a sua chácara em Itupeva. A chácara era linda! Havia piscina, churrasqueira “com churrasco”, rede e uma grande área verde. Estávamos entre amigos e não faltava nada, tudo estava perfeito, exceto o fato de estar “atrasado” pra mim. Mas como minha irmã havia me obrigado a fazer um teste gravidez de farmácia uns dias antes daquele e este fora negativo, fiquei tranqüila e curti. Curti tanto que dava até bombinhas na piscina e peixinhos na grama na hora do vôlei.


Naquela noite, senti uma cólica absurdamente dolorida. Tive até vertigem. Porém, achei que poderia ser um bom sinal, sinal vermelho a vista.


No dia seguinte fui ao médico e ele me aconselhou fazer um Beta HGC, que é o exame que me daria mais certeza de estar grávida ou não.


Dois dias depois, minha amiga praticamente me empurrou até o hospital onde fiz o tal exame que ficaria pronto em duas horas. Nem preciso falar que foram as duas horas mais longas da minha vida, mas não longas o suficiente para que minha irmã e meus dois amigos chegassem a tempo para saber o resultado comigo. Eles, praticamente, estavam torcendo para que desse positivo (pimenta nos olhos dos outros é refresco né?), mas eu achava seria negativo, pelo menos era o que eu queria.


Passadas as 2 horas, a doutora aparece e chama o meu nome. Eu quase morri. Entrei na sala e ela logo me perguntou: “Por que os seus amigos estavam rindo?” Eu disse que era porque eles achavam que eu estava grávida e que eles iriam cair do cavalo. Ela olhou pra mim com um sorrisinho e disse: Não vão não. Parabéns! Você está GRÁVIDA!


Acho que toda mulher deveria ser filmada no momento em que ela recebe a notícia de que ela está grávida. A gente fica com cara de nada e de tudo, ao mesmo tempo. Todos os sentimentos vêm à tona em um segundo. Daí vem o primeiro significado da palavra do meu título Equilíbrio = posição estável de um corpo. Senti como se não tivesse o chão, sem equilíbrio.


Recuperei o ar e saí da sala com essa tal cara e, é claro, meus amigos estavam ansiosos e logo ficaram felizes com a notícia, afinal de contas era uma gravidez e não uma doença. Pelo menos essa vantagem a mulher tem em relação ao homem – temos o poder de dar a vida à outra vida. E essa sensação de ter um serzinho dentro de nós é inexplicavelmente maravilhosa.


Bom, deixando as sensações de lado, a realidade era que eu estava grávida de um ex-namorado temporário filipino, que talvez eu nunca mais encontrasse novamente na minha vida.


Ter o bebê era algo decidido. A questão era como eu iria lidar com aquela situação sem ter o pai dela presente. Eu havia acabado de chegar ao Brasil e não estava sequer empregada ou com um convênio médico.


As questões negativas pareciam gritantes em relação às positivas. Foi ai que o segundo significado do meu título Equilíbrio = igualdade quantitativa me ensinou que as coisas que se opõe ou se contrastam devem estar em igualdade. Não é bom que um dos dois lados esteja muito diferente do outro (a não ser que a minha conta bancária fosse bem maior que as minhas despesas :-))


Quando surge uma dificuldade, a gente vai logo reclamando, murmurando e acabamos, com isso, transformando essa dificuldade bem maior do que ela realmente é. Então, percebemos que nem tudo é tão ruim quanto parece ser e que, se olharmos bem, poderemos ver o lado bom das coisas, e então, o equilíbrio.


Eu juro que tentei fazer isso no início, mas não conseguia. A ficha ainda não tinha caído. Mas os dias foram passando e eu tive que seguir em frente e tomar uma decisão. Mudei-me da casa da minha mãe e fui morar com minha irmã Dani em um apartamento alugado de um amigo meu em São Paulo.


Comecei a dar aulas de inglês e a fazer traduções. Sempre gostei de me expressar, falar em público, lidar com pessoas e esta oportunidade veio bem a calhar. Encarei isso como uma chance de trabalhar pra mim mesma, o que era um desejo antigo. A grana não era muita, mesmo porque eu não ocupei todos os meus horários, já que teria que ir ao médico e fazer exames constantemente, mas deu pra me virar bem.


A gravidez em si foi ótima, bem tranqüila. Quase não senti enjôos e nem tive muitos desejos - ainda bem, pois quem eu iria acordar de madrugada pra pedir algum desejo? Minha irmã? Até tentei pedir uma coca-cola um dia à noite, mas ela me respondeu: “E eu com isso?” rs. Ela falou brincando, claro, até porque minha irmã foi o meu maridão nesse periodo. Me ajudou demais!! (Dani, te amamos!)



 Os meses estavam passando e a barriga nada de aparecer. Fui ao médico pra saber o sexo do bebê e, como nada é fácil na minha vida, não puderam ver, mas deram 70% de chance de ser menina. Confesso que nunca me imaginei mãe de menina, mas fiquei feliz assim mesmo. Na segunda vez que fiz exame, ainda não deu pra ver o sexo, mas aumentaram a chance para 90%. Minha barriga já tinha resolvido crescer, quando aos sete meses foi confirmado – era uma MENINA (ufaaaa, achei que só saberia no parto!).

Chupando o dedinho dentro da barriga!
Escolher o nome, do contrário do que pensam, não é uma tarefa muito fácil, até deveria ser no meu caso, já que só dependeria de mim. Digo até que, ao invés de enjoar de comida ou cheiro, acabei enjoando de nomes. Nenhum me agradava, até que escolhi NICOLE.


Nicole sempre foi bem agitada, como a mãe, e nunca deixou de me chutar. Todos os dias era um treino de futebol, chutes pra todos os lados. A sensação é incrível, mas dolorosa de vez em quando. E à medida que ela crescia, crescia também a ansiedade de saber como ela seria, com quem ela se pareceria, como seriam os seus olhinhos, a boquinha, se seria perfeita, enfim, por que o dia do parto não chegava nunca?


No final da gravidez, tive que tomar uma decisão que eu não queria – voltar pra casa da minha mãe depois do parto. É claro que muita gente aos seus 30 anos de idade já está com a vida estável financeiramente, bem sucedida na carreira, sabe o quer da vida, etc...Mas esse não era o meu caso. Eu havia escolhido viajar pelo mundo, conhecer pessoas de diferentes culturas, ter aventuras e experiências para contar e, com isso, minha estabilidade financeira e aquisição de bens ficaram em segundo plano. E não que eu não goste da casa da minha mãe, mas ao voltar a morar lá é como se eu estivesse regredindo, voltando para um estágio anterior. Mas era o melhor a fazer. Mãe é sempre mãe. Sei que poderia contar com a ajuda dela.


Na 40a semana de gestação eu parei com as aulas e esperei, esperei e continuei esperando os sinais que tanto falam que ocorrem quando chega a hora do bebê nascer, mas nada da Nicole dar estes sinais. Eu fazia tudo o que me diziam pra fazer para ajudar na hora do parto: exercícios, danças, natação, respiração, mas acho que nada funcionou.



Já estava na 42a semana quando fui para o hospital com as “aparentes” contrações, as 7hs da manhã do dia 09/12/10. Às 9hs me internaram e iniciaram uma indução, já que eu só estava com 1,5 cm de dilatação. Durante todo o dia eu não senti nada. Ficava frustrada de tanto ver mulheres chegando para terem bebês e minutos depois já estavam com eles em seus braços. Mas comigo, claro, iria ser um pouco mais difícil. Às 18hs pedi para a Maria, minha amiga, ir embora para descansar, porque achei que a Nicole só nasceria no dia seguinte. Eram 22hs quando o primeiro frasco do medicamento acabou (pra mim aquilo era água, o medicamento mesmo veio em seguida) e logo colocaram outro. A partir daquele momento eu só vi estrelas. As contrações vieram exatamente como dizem que são: a pior dor que existe! E como não bastasse, aumentaram a dosagem do medicamento. Lá pelas 3hs da manhã, sozinha, não sabia nem mais o meu nome, a dor era insuportável e nem havia mais intervalos entre as contrações. As enfermeiras passavam pela porta e pareciam evitar entrar no quarto da coitada que estava sofrendo por não ter dilatação. Teve uma hora que cheguei a arrancar do meu braço aquelas agulhas e a desligar o aparelho de dosagem. Nunca imaginei sentir uma dor daquela. Eu só pensava em quando aquilo iria terminar. Foi nessa hora que precisei aprender o outro significado do meu título Equilíbrio = estabilidade mental. Quando a dor física atinge um nível muito alto, podemos até ter delírios e a sensação de que estamos enlouquecendo. E manter a estabilidade mental nesse momento é muito, muito difícil, pois só pensamos na dor e quando ela vai parar. Acredito até que o mesmo aconteça com a dor não-física. A solução para o meu equilíbrio foi pensar no mundo como um todo, não isolando a minha dor, nem fazendo dela a única dor de alguém do mundo. Dizia pra mim mesma que o tempo nunca pára e que tudo passa, inclusive aquela dor. No mais, eu tentava respirar fundo e não contar os minutos, nem as horas, nem o tempo.


Às 9hs da manhã me disseram pra eu tentar tomar um banho quente pra ver se ajudava na dilatação que, mesmo depois de uma noite inteira de indução, ainda estava só com 8 cm. Eu tremia muito de tanta dor e mal conseguia parar em pé com aquele barrigão. E foi nesse estado que minha irmã me encontrou ao chegar no banheiro do meu quarto. Assustada, ela tentou me ajudar. Pedi pra ela que chamasse alguém porque eu não aguentava mais, queria uma cesárea. A médica apareceu depois de uma meia hora e decidiu tentar o parto. Foram duas horas de tentativas frustradas. A Nicole não queria nascer. Eu já estava exausta, sem forças e quase desmaiando, quando me mandaram para o andar de cima. Pensei que fariam uma cesárea, mas assim que me deram a anestesia rack, me explicaram que fariam o parto fórceps. Depois da anestesia eu já nem me importava com qual procedimento eles usariam, contanto que fizessem a minha filha nascer logo. Foi bem rápido e quando me dei conta, ela já estava ali, nos braços do enfermeiro. Eu nem acreditava que tudo aquilo tinha passado. Nicole já tinha vindo ao mundo e o que eu mais queria era estar perto dela, olhar pra ela e esquecer todo aquele sofrimento. Depois dali, nós nunca nos separamos. Ficamos todo o tempo juntas no quarto e passados os três dias no hospital, fizemos um tour pela casa da vovó Maria (avó postiça - te amamos Mary), de lá para o apartamento onde morávamos com a titia Dani, de lá para a casa da titia Patrícia (te amamos titia) e, finalmente, para a casa da vovó Conceição (te amamos bobó Ceição), aonde iríamos nos conhecer melhor.



Apesar das dificuldades de ser uma “mãe solteira”, eu sempre agradeço a Deus pelo presente que ele me permitiu ter, a Nicole. Se eu tivesse desembarcado no Rio dois meses antes do término do meu contrato, eu não ficaria grávida, mas a Nicole não estaria comigo hoje, e hoje, já não vejo a minha vida sem ela.

É Deus permitindo que a conseqüência do nosso erro não tenha um peso de um erro? Ou é Ele quem nos permite errar para que aconteça o que tem que acontecer em nossas vidas? Nunca saberemos ao certo, mas de uma coisa eu tenho certeza - Ele está sempre comigo! Por isso, sigo PRATICANDO A VIDA tentando me equilibrar com o último significado do meu título Equilíbrio = harmonia.


Fiquem com Deus!


Viviane Brizzi

6 comentários:

  1. Vivi,
    Apesar de conhecer e acompanhar uma parte da história através da Dani, me emocionei ao ler!
    Parabéns pela linda filhota!
    Estou com saudades!
    Beijos,

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  2. Caramba, que história linda.

    Parabéns!!!

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  3. SE voce viajou como tripulante pela Princess talvez eu tenha viajado com voce, porque eu fiz uma viagem com o Diamond Princess para a Australia aonde a Barbara estava de tripulante e também a Ana Paula. Parabéns pela Nicole.

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  4. bom dia, voce era tao talentosa senhora naoadmira que nicole vai seguir oseu passo um dia! as vezes, como eu parar de caminhar e descansar por um tempo, a maior parte desse tempo foi cheio de pensar! Pensar que quao estupido eu estou fazendo uma coisa que eu sei que pode arruinou a vida de outros! Mas para ser honesto com voce eu nunca lamento os sentimentos que eu senti com voce nesse mes estavam juntos, mesmo que voce sempre me despejo naquela epoca estavam juntos,eu nao fiz qualquerescolha, mas voce fez perceber tudo.. sobre a nicole eu nunca despejo a ela que eu nunca abandona-la em minha vida,mas apenas por alguns motivos eu nao posso dar! Ela e minha princesa, mesmo se ficar velho eu ainda estou esperando a hora de ve-la beija-la e abraca-la edizer a ela o quanto eu amo ela no fundo do meu coracao.

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  5. È uma história para virar filme!

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  6. Menina.. que historia! Vc é guerreira...
    Me mudei do Vibe, mas antes de sair de la, eu não via mais vc, não sabia qual era seu ap...

    Mas que bom que apesar das dores, de ter estado sozinha num momento que a gente necessita tanto de ter alguém por perto, no final tudo se saiu bem, e a Nicole veio linda e cheia de saúde para seus braços!

    Parabéns pela linda historia que vc ja tem...

    mas uma pergunta, e o pai da Nicole, sabe dela?

    Hoje estou vivendo em Melbourne na austrália (um pouquinho de aventura aqui tbm rs) Meu nome é Adriana, nos falamos poucas vezes, já no finalzinho da sua gestação... adrianabdrs@hotmail.com

    Bjs sucesso!

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